sábado, 1 de outubro de 2011

Mostra Glauber Sem Paredes


Dono de uma produção extensa e singular, Glauber Rocha foi uma figura importantíssima dentro da história recente do país, trazendo discussões e debates acerca da arte, da cultura, da política e da sociedade. Tanto do ponto de vista estético e formal, quanto do ponto de vista da problemática social, suas obras nunca se conformaram com um padrão pré-estabelecido de criação, trazendo diversas reflexões e problematizando o cinema, a organização social brasileira e o papel do intelectual e artista dentro do processo de transformação dessa realidade.

Foi um artista atuante, que nunca parou de pensar, discutir e tentar transformar a realidade do país. Como porta-voz do Cinema Novo, Glauber Rocha influenciou cineastas latino-americanos e foi um dos precursores do conceito de mostrar na tela a realidade política, indo contra a censura, a comercialização e a exploração.

O diretor brasileiro foi capaz de lidar com a experimentação estética de vanguarda em diversos níveis – do roteiro e da fotografia ao trabalho literário com a palavra e experiências de montagem radicais – chocando com suas imagens da pobreza e da fome.

Sua obra pode ser dividida em três fases: num primeiro momento, a fase revolucionária, que abarcaria o início da carreira, quando filma o curta “O Pátio”, até a conclusão de “Terra em Transe”,  uma segunda fase que se pode chamar de estrangeira, começa com o curta de estética marginal “Câncer”, passando por seu maior êxito comercial, “O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro” e desembocando nas produções estrangeiras realizadas no exílio no decorrer dos anos 70 – “Cabeças Cortadas”, “O Leão de Sete Cabeças”, “História do Brasil” e “Claro”. De volta do exílio, a fase final de sua trajetória, mais voltada ao experimentalismo, fazem parte desta fase o curta “Di-Glauber”, o média-metragem “Jorjamado no Cinema” e seu filme derradeiro, o mais radical de todos, “A Idade da Terra”.

O Cineclube Bordel sem Paredes, se orgulha de celebrar um dos personagens mais intrigantes da história brasileira recente, que trinta anos após sua morte continua a provocar reflexões sobre o cinema, tanto pela qualidade e inovação, quanto pelas propostas revolucionárias que se mantém atuais.

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